sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Prima Morgana - Parte III

Black Cherry não a acompanhou até a rua. Assim nunca saberiam – seus visinhos – em qual apartamento ela realmente esteve. Plêiades tratou logo de dar a volta naquela quadra e se afastar o quanto antes daquele prédio.
Cuidadosa em olhar ao redor ela entrou em um beco e abriu a bolsa sobre um contêiner de lixo. Com álcool e fósforo foi até um tonel metálico, também usado como lixeira, e colocou fogo nele. Ao virar-se de volta para a sua bolsa viu um homem de chapéu de abas parado próximo.
- Você me assustou. – Plêiades.
Ela tentou disfarçar parecendo não saber de quem ele se tratava. Ela aproximou-se.
- Já estou acabando aqui. Então você pode usar o fogo. Terminei com o meu namorado, sabe? Tem algumas coisas que eu gostaria que sumissem. – Plêiades.
- Tenho certeza que sim. Entregue-me a bolsa. – LN.
- Você não me parece um assaltante. – Plêiades.
Ele não respondeu e ela puxou a bolsa para sim. Ainda seria seguro fazer que o desconhecia? Ela achou melhor continuar com a encenação.
- Eu tenho jato de pimenta! Não se aproxime! – Plêiades.
Plêiades deu dois passos para trás.
- Não recue, ou eu vou persegui-la. Agora me entregue a bolsa e em alguns minutos a deixarei ir. – LN.
Ele aproximou-se até tomar a bolsa das mãos dela. Luar Negro tateou os objetos sem tirar os olhos de Plêiades, até encontrar ali a volumosa capa cinza escuro e cereja com capuz.
- Parece que descobriu-me Luar Negro. Agora que sabe o meu rosto revele o seu e não ficarei em desvantagem. – Plêiades.
- Não. Você não é Cereja Negra. Ela é mais alta e mais hostil. Mas tenho certeza que terá muito a me contar sobre... – LN.
Sem esperar mais Plêiades jogou um jato de pimenta nos olhos dele que afastou-se sentindo-se o ardor. Ela arrancou a capa das mãos dele antes de jogar no fogo e correr deixando sua bolsa para trás.
Depois de limpar superficialmente os olhos Luar Negro partiu em perseguição. Não demorou a alcançá-la, Plêiades estava de salto e ele – irritado – puxou-a pelos cabelos a derrubando no chão.
- Vou fazer uma pergunta por vez e é melhor que as respondo rápido. – LN.
- Você pode esquecer. – Plêiades.
- Qual o nome de Black Cherry?
- Cereja Negra.
O chute acertou-a no ombro, derrubando-a de costas na rua.
- Onde encontro Black Cherry? – LN.
Ele esperou pela resposta poucos segundos – alguém poderia surgir a qualquer momento -, estava sem tempo. Pisou no braço direito dela.
- Qual a sua relação com Black Cherry? – LN.
- Não sou homossexual. – Plêiades.
A voz vacilante não o impediu de quebrar o seu braço. Plêiades gritou, não por socorro, mas sem ter certeza de que alguém a escutaria.
- É bom começar a responder. Ou pode começar a ver alguma luz, uma luz pálida. Será tudo o que vai ver se não me satisfizer. – LN.
- Então faça-me ver a luz. – Plêiades.
Luar negro abaixou-se e virou para si o rosto marcado por dor com delicadeza e sorriu.
- Como Black Cherry sabe dos crimes? – LN.
- Bôrras. – Plêides.
- Bôrras?
- De café. De chá e café.
Ele sorriu antes de seu soco cortar a boca de Plêiades e o queixo avermelhar. Logo incharia.
- Acho que, quando eu terminar com você, não terá que se preocupar mais com problemas com namorado. – LN.
- Não mesmo. – Plêiades.
- Diga-me, pequena, Black Cherry se preocupa o suficiente com você para que venha tirar satisfação comigo quando eu lhe matar? De onde veio Black Cherry? – LN.
- Ela veio do topo. Do topo do sorvete. É onde encontram-se as cerejas.
Luar Negro bateu a cabeça dela duas vezes contra o chão. Um pouco dos cabelos de Plêiades ficou em sua mão. O asfalto escureceu de sangue.