sábado, 25 de setembro de 2010

Prima Morgana - Parte II

Na banca de revista em que ia todos os dias e pediu o jornal da qual era a única cliente e, por isso, o vendedor cobrava a mais pela publicação diária vinda da Dinamarca.
Ela verificou o endereço do envelope plástico e o levou para o apartamento.
- Vossa mercê saiu apressada... Era algo com a pessoa seu pai? – PM.
- O que? – BC.
- O pai de vossa pessoa. Ele passa bem? Já retirou-se do hospital?
Black Cherry levou algum tempo para recordar-se e confirmou que sim, ele estava bem. Então trancou-se com Prix em seu quarto para ler detalhes codificados em suposto dinamarquês em seu jornal.
Descolou as fotos e entregou ao macaco, hora dizendo bom, hora dizendo mau. O animal interpretaria os outros como inocentes que não deveriam ser feridos.
Ao terminar de ler, reler e revisar, Black Cherry foi para o banheiro tomar banho enquanto o papel se dissolvia completamente de molho na pia. Ao sair a mesa do almoço estava posta e ao lado Pink Manzana sorria e segurava as mãos.
- O almoço está pronto. – PM.
- É. Obrigada. – BC.
Ao toque do interfone Black conversou pouco e logo a visita subia. Saiu da cozinha com talheres, prato e copo a mais.
- Alguma pessoa vem almoçar com nossas pessoas? – PM.
- É. A minha prima, Morgana. – BC.
- Felizmente minha pessoa preparou sobremesas a mais.
Plêiades entrou e Black Cherry teve cuidado de verificar se ninguém estava nas escadas.
- Chegou na hora do almoço, prima! – BC.
O olhar de Black Cherry era um misto de surpresa e convite falso e forçado, que Plêiades respondeu no mesmo tom, sorrindo.
- Uma boa hora. E você deve ser Páola. – Plêiades.
Pink Manzana apertou a mão de Plêiades com força tendo um sorriso maior que o habitual.
- Minha pessoa tem muito prazer em conhecer vossa mercê, Morgana. Minha pessoa não teve oportunidade de conhecer qualquer familiar da Beatrice. – PM.
- É, é. Também estou muito feliz com a oportunidade de conhecer a... – Plêiades.
Ela olhou Black Cherry arqueando as sobrancelhas.
- Companheira de quarto da minha prima. – Plêiades.
O almoço transcorreu tranqüilo, mas não era possível a Plêiades e Black Chery conversarem à vontade porque Pink Manzana se fazia presente à mesa. Porém, ao fim do almoço, surgiu a oportunidade das duas ficarem às sós.
- Com essa garota você está mesmo em apuros. – Plêiades.
- Nem me fale... Agora tenho que dar várias desculpas para sair à... – BC.
- Aqui estão as sobremesas de nossas pessoas. – PM.
- Não, obrigada. Estou satisfeita com a refeição.
- Tem certeza? Está na temperatura ideal e não estará tão bom quanto agora novamente.
- Tenho certeza, sim. Venha Morgana, pode comer a sobremesa no meu quarto.
Entraram no quarto e Black Cherry trancou a porta respirando fundo.
- Nunca a vi tão gentil e educada. – Plêiades.
- Cala a boca. Cadê a capa que trouxe? – BC.
Plêiades retirou-a de sua bolsa larga e a estendeu diante de Black Cherry.
- A cor é a mesma e também é de couro, certo? – BC.
- Sim. É um pouco mais leve, também. Há reforço apenas no peito, pescoço e capuz. Sem metais, como Sempre. Nada magnético se prenderá a isso. – Plêiades.
- Ótimo. Aqui está o outro.
Ela passou a capa lavada À mulher que a apertou e cheirou.
- É. Isto está cheio de rastros. Digitais se prendem... e odores também. Denuncia que produtos usa no cotidiano, que tipo de sabão... E partículas metálicas podem entrar no tecido, permitindo que rastreadores sejam colocados. – Plêiades.
- É, eu sei. A Barbie detonou a roupa. – BC.
- Não se preocupe. Darei um fim a isso. Black Cherry, tome cuidado para não deixá-la descobrir sobre você. Se ela já causa problemas sem saber...
- Às vezes eu acho que ela está infiltrada aqui, porém é impossível ela mexer ns coisas do trabalho. Ao mesmo tempo ela é adorável e não sobreviveria a esta cidade, ainda mais com a noite fobia... Se ela souber quem sou não imagino como agiria.
- Exato. Para todos os efeitos mantenha-a por perto. O nome dela realmente é Páola, Páola Mendes Andréas. Nascida no Acre em 1987, onde morou até 2002 em um edifício que desabou. Sem registro de parentes ou histórico escolar além das faculdades que cursou.
- Faculdades? Ela mencionou apenas letras e parece nova demais para ter cursado qualquer outra... Coisa.
- Letras português e espanhol; medicina, pediatria, veterinária e biologia marinha. Se houver algo mais a se saber sobre ela então deve ser tirado dela.
- Está bem. Farei isso ainda esta semana.
Guardaram as roupas e abriram a porta. Pink Manzana pintava as unhas de branco e passava uma base incolor nas unhas de Prix.
- O que está fazendo! – BC.
- Não preocupe vossa mercê. Minha pessoa está usando material especial à animais. Caso o macaco Prix desgoste ou tente comer não fará mal. – PM.
- Prix, aqui.
O macaco subiu no ombro de Black Cherry.
- Você lixou as unhas dele? – BC.
- Minha pessoa cortou e lixou, sim. Estavam horríveis e enormes... Minha pessoa não imagina como macaco Prix não arranhou vossa mercê. Vossa mercê poderia ter adoecido. – PM.
- Prix é um animal limpo e sadio. Nunca me transmitirá algo.
- Ainda assim. Há doenças não nocivas às espécies de macacos, mas se passadas ao homosapiens podem ser muito prejudiciais.
- Bem. Eu preciso ir. Tchau, tchau, prima. – Plêiades.