- Parece não haver ninguém, realmente, a quem você escute. – LN.
- Era tudo o que eu queria, alguém para me atrasar. – BC.
- Será verdade? Black Cherry, atrasada!
Ela suspirou.
- Está bem, tem um tempo. Seja breve, se houver novidades... – BC.
- Você fez que fosse aberta uma investigação contra o dr. Prado.
- Quem não deve não teme...
- Os chefes não estão nada felizes com o fato de perderem uma parte importante de seus... “honorários”.
- Chefes... Interessante haver mais do que um...
- Sim. E o mais interessante é que o meu ‘ganho’ me motiva bastante.
- Isso é bom. O seu preço são serviços como os que você oferece ou valores monetários pra substituir os valores morais que não tem?
- Não importa a você saber. Importa apenas como prefere morrer.
- Não hoje.
- Pode não ter planejado, mas procurou por isto.
Quando ele se aproximou Black Cherry não recuou, mas já preparava-se para as investidas de seu oponente.
- Bonita, inteligente... Mas nada gananciosa. – LN.
- O máximo, esperta e... Honrada seria o certo. Mas eu já disse, tenho pressa. – BC.
Ela jogou duas esferas de vidro no chão, partindo-as e dispersando um forte odor embora sem fumaça. BC saiu logo dali deixando Luar Negro com os olhos lacrimejando.
-Muito inteligente, BC. Muito mesmo. – LN.
Black Cherry e Prix foram diretamente para o apartamento que dividiam. A primeiroa coisa que ela fez foi trançar o cabelo e colocar um arco para mudar o rosto. Depois telefonou para a empresa de táxi ao mesmo tempo que escolhia uma saia – julgava todas feias – e arrumou uma pequena bolsa e uma caixa com furos e um laço verde, que abrigava Prix. Então desceu, Pato chegava.
- Oi Beatrice... Está de saída? – Pato.
- Sim. Tem uma... Uma reunião entre garotas, para... Estudar. – BC.
- Estudar. Garotas. Às onze da noite... – André.
Black Cherry olhou-o continuar desconfiando de suas afirmativas.
- É. Estou um pouco atrasada. – BC.
- Sei... Só estamos, estou, surpreso porque você não costuma sair muito, principalmente à noite. – André.
- Pare com isso André! Ela vai pensar que a vigia. – Pato.
- Não eu.
Ele foi subindo as escadas.
- Prix está no seu apartamento? Posso ficar com ele até você voltar. – Pato.
- Não será preciso. Deixei-o em um hotel de animais. – BC.
- Mesmo? Coitado. Se você houvesse me dito eu não teria problema em ficar com ele...
- Está ficando tarde e eu preciso ir. O táxi já está me aguardando.
- Sim, claro. Tchau e... Bom estudo.
- Obrigada.
Ela caminhou devagar para fora, não por recato, mas porque o calçado machucava seus pés. Pato acenou e subiu quando o táxi partiu. Ao chegar em seu apartamento André estava na cozinha, de cabelos molhados.
- E então, ela confessou que não ia estudar coisa nenhuma? – André.
- Beatrice é direita e vive apenas para estudar. – Pato.
- Estudar, a essa hora? Fala sério, nem você acredita nisso...
- E daí, André. Ela só vai sair com as amigas!
Pato sentou-se no sofá e abraçou-se à almofada.
- Amigas, sei... E você já a viu conversando com alguém além de... Nós? Você deve ser o melhor amigo dela, e não sabe nada a respeito desta... Santa. – André.
- Cala a boca. – Pato.
- Ao que parece ela tinha um encontro. E o modo como se vestia... Ia firmar algum compromisso.
Pato jogou a almofada nele, que a segurou, e ficou de pé.
- Eu vou dormir. – Pato.
- Vai. Vão e sonha bastante cm Beatrice, porque ao que parece ela te passou pra trás. - André.