terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Capítulo II - Pato - Parte I

As batidas eram insistentes, mas Prix dormindo dentro da pia do banheiro, não incomodava-se. Sonolenta Black Cherry levantou-se, com a mão dolorida, e foi atender.
- Bom... Bom dia. Desculpe, eu não tinha a intenção de incomodar. – Pato.
Ela resmungou uma resposta, ainda esperando uma explicação convincente para ter sido tirada da cama. Black Cherry olhou o interior da casa, havia coisas espalhadas por toda a sala e decidiu que Pato continuaria no corredor.
- Acho que lhe acordei, sem querer. Eu volto... Outra hora. – Pato.
- Não. Não Pato, espere. Diga o que veio para dizer. – BC.
- Eu só imaginei que... Bem... São dez da manhã e... – Pato.
Black Cherry olhou para o relógio da cozinha e voltou-se para o corredor.
- Não pensei que já fosse tão tarde. – BC.
- Eu estava pensando... Tem uma festa hoje... – Pato.
- Desculpe, não será possível.
- Já tem planos para hoje...
- Estudar, estudar e estudar. Os trabalhos da faculdade me tomarão o dia todo.
- Então depois, à noite, pode relaxar um pouco, não é? Posso ajudar com o trabalho. Qual é a matéria?
- É... Biologia Sintética do Relevo Cinético Gravitacional.
- Uau! Isso parece... Difícil.
- Sim, é muito complicado.
Pato suspirou sem esperanças e Black Cherry sentiu-se mal por ser tão cruel.
- Se der eu apareço. Onde é? – BC.
- Verdade! É naquela boate... Pirâmides. A minha tia é sócia. – Pato.
- A nova boate.
- Isso! Sabe o endereço? Caso se importe apareça por volta das nove horas... Se der, claro. Não quero que tenha problemas na faculdade por causa de uma só festa.
- Por que você... Faz tanta questão que eu vá? Afinal é apenas uma festa.
- É que... Bem, é 23 de Janeiro.
Ela torceu a sobrancelha como se aquela data guardasse algo importante e que não se recordava. Pato, ainda mais sem graça, viu-se obrigado a responder.
- 23 de Janeiro. São 25 anos que... Completo. – Pato.
- Ah, sim! Desculpe, ando tão ocupada que me... Eu vou sim. – BC.
- Não se veja na obrigação, afinal... Ainda tem trabalhos da faculdade. Não a quero reprovada por causa minha.
- Então eu irei, se possível e farei o possível para ir.
- Obrigado. Você é... Quero muito que você vá.
Quando Pato finalmente desceu para o quarto andar Black Cherry trancou a porta. Entrando no banheiro abriu a torneira sobre Prix e passou, pela segunda porta do cômodo, para o quarto.
- É hora de levantar, e ainda temos uma festa diferente à noite. – BC.
Naquela noite Black Cherry não encontrou Jeremias. O que era incomum, porém não preocupante. Se dele dependesse estaria perdida em todas as outras noites, com ou sem as informações de Jeremias. Ela continuou pelas ruas mais escuras e Prix pelas muretas dos prédios.
O gato na janela de um dos apartamentos não importou-se com o passante exótico, que sempre via.
A capa de Black Cherry disfarçava perfeitamente a roupa da festa. E a capa fechada escondia a outra arma, sendo que a segunda estava discreta.