segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Capítulo I - Piloto - Parte I

Largou o violão, finalmente, após exaustivas, e imperceptíveis, 3 horas. Saindo de sua posição quase meditativa foi para a cozinha, preparando rapidamente o jantar. Frango assado com macarronada para ela e salada para Prix. Sentaram-se à mesa.
- Então Prix, o que esta noite nos trará? – BC.
Mergulhado em seu pequeno pote o animal observou-a com olhos brilhantes, rapidamente, antes de voltar a atenção à sua comida.
- Então termine. À noite não nos aguarda para sempre. – BC.
Ao terminarem Black Cherry mudou a roupa para cobri-las com uma longa capa cinza-escura por fora e cereja por dentro, com largo capuz. Em seguida cuidou das unhas de Prix com a solução habitual.
Por fim Prix entrou no capuz, que ela não usaria de imediato, e Black Cherry vestiu os olhos com óculos transparentes que os protegeria das luzes néons.
Trancou todo o apartamento ainda dentro e saiu pela janela, deixando armadilha e alarme silencioso no suposto ponto fraco de sua casa.
Caminhou determinada pelas ruas movimentadas e por isso mais escuras.
- Ei Jeremias. Jeremias, acorde! – BC.
Sem atenção ela cutucou o mendigo com o pé. Ele se moveu e acordou, espalhando mais o fedor que o rodeava.
- Ah, é você... – Jeremias.
- Não está muito cedo, Jeremias, para se alegrar? – BC.
- Errado, minha jovem. Já está tarde.
- Refiro-me à bebida. – BC.
Ele levantou-se, trôpego, com uma garrafa em mãos e olhou-a como o alcoólatra que era.
- Eu sei Bláqui. Ao menos já é noite. – Jeremias.
- Mas você não começou à noite. – BC.
- E você não é minha mãe.
Ela sorriu.
- E é isso o que em de maravilhoso na vida. – BC
Black Cherry fiscalizou ao redor. Por perto não havia ninguém.
- Então, o que tem pra mim? – BC.
- Depende da gratificação que me traz. – Jeremias.
- Equivalente à informação.
O homem resmungou e Black Cherry se contentou a esperar poucos segundos. Sabia que o miserável cederia sem demora.
- Espero que tenha algo bom pra mim. Soube de uns caras. – Jeremias.
- Caras... Que bom! Pensei que pudesse se tratar de minotauros. Seja claro, Jeremias. – BC.
- Estavam a caminho da loja de aparelhos virtuais.
- O que mais?
- É só isso.
- Jeremias, não tente me enganar.
- Soube apenas disso, por hoje.
- Você precisa passar mais tempo sobre. Prix.
Ela pegou, com o macaco, dois maços de cigarro e entregou-os a Jeremias. Em seguida ela voltou a caminhar.
- Cigarros, cigarros! O que há com você, mulher? Traga uma garrafa na próxima vez! Sem nicotina? Eu não acredito! A minha informação vale muito mais do que isso! – Jeremias.
Black Cherry não deu atenção aos seus gritos. Era o que acontecia sempre, e sempre aconteceria.
- Então, Prix. Como chegaremos à VirtualCo.? Já passa onze horas, eles devem estar para começar. – BC.
Prix tornou a olhar, de fora do capuz, e viu o caminhão de lixo já em fim de expediente. Black Cherry suspirou.
- Nem tudo é luxo. – BC.